Com a capacidade de produção tomada e sem espaço físico para
aumentar a planta fabril, localizada na unidade Planalto da Marcopolo, em
Caxias do Sul, a diretoria da Volare decidiu, em conjunto com a direção da
controladora, pela construção de nova fábrica para os miniônibus. Dentre as
dezenas de alternativas avaliadas ao longo de 18 meses, a escolha por São
Mateus (ES), teve como fator decisório a possibilidade de a empresa combinar
aumento de produção com a estratégia de fortalecer a internacionalização da
marca.
Mesmo reconhecendo que a empresa terá
benefícios públicos do estado e da prefeitura, o que também chegou a ser
negociado com outros municípios, o diretor Milton Susin assegura que pesou a
localização estratégica de São Mateus para envio dos veículos ao exterior, pela
proximidade com os portos existentes no Espírito Santo, e para o recebimento de
insumos. “Como havia a necessidade de uma nova operação fabril, optamos por
buscar local que também favorecesse o escoamento da produção, que será
destinada, quase que na sua integralidade, para exportações.”
O investimento de R$ 35 milhões será
aplicado na construção de uma fábrica nova, que deverá estar pronta para
produção em julho de 2013. Terá capacidade inicial para mil unidades anuais e
meta, de acordo com Susin, de 500 veículos no segundo semestre do próximo ano.
“Nosso objetivo é operar a pleno desde o início das atividades”.
O diretor observa que o mercado em que
a Volare atuará, países da África e da América do Sul, tem potencial para 1,5
mil unidades/ano. Reconhece, no entanto, que conquistar este espaço dependerá
também, e muito, de aspectos econômicos e da capacidade de os gestores
repetirem no exterior o sucesso das vendas internas. Segundo Susin,
inicialmente será produzido apenas um modelo no Espírito Santo, ainda em
análise pela diretoria. Veículo que também deverá, em situações pontuais,
atender aos mercados do Norte e Nordeste do Brasil.
A estratégia inicial contempla a
montagem do miniônibus no Espírito Santo por cerca de 300 trabalhadores. As
unidades serão enviadas de Caxias do Sul em CKD, e algumas peças poderão ser
fornecidas pela controlada Ciferal, que tem fábrica de modelos urbanos no Rio
de Janeiro. No futuro, dependendo da velocidade do projeto, Susin admite ser
possível produzir componentes por lá.
De acordo com o diretor, a mão de obra
será contratada na região e treinada pela empresa. Embora a Volare venha ser a
primeira montadora do Espírito Santo, a região tem relação com a indústria
metalmecânica, especialmente ligada ao segmento do petróleo. A unidade terá um
centro de treinamento para preparar
o pessoal segundo necessidades da empresa.
As exportações representam, atualmente,
algo como 5% das vendas físicas da unidade Volare. Em números absolutos, pouco
mais de 250 miniônibus, considerando a projeção de 5 mil veículos para este
ano, incremento de 10% sobre 2011. Em se confirmando as expectativas para 2013,
o índice subiria para perto de 15%.
Susin destaca que o primeiro semestre
deste ano fecha com vendas baixas em razão da nova lei de emissões que
introduziu o motor Euro 5 em veículos comerciais. A redução forçou a concessão
de férias coletivas aos trabalhadores. Para o próximo período a expectativa é
de retomada dos negócios, tanto que a empresa espera elevar em 30% a produção
diária, passando das 15 unidades deste semestre para 20.