Eletra produz modelo desde 1998 e percebe o potencial aumentar.
A eletrificação veicular é pauta de longas discussões. Enquanto os automóveis que circulam no Brasil ensaiam para agregar algumas tecnologias, os ônibus já estão em fase mais avançada do processo. Prova disso é a Eletra, empresa nacional que produz trólebus e ônibus híbridos diesel-elétricos desde 1998.
Hoje apenas 32 unidades estão em operação comercial no País mas um novo cenário parece oferecer terreno mais fértil para a tecnologia se espalhar. O aumento da preocupação com o consumo de combustíveis e as emissões de poluentes traz boas perspectivas para a companhia. “É uma tecnologia perfeitamente viável e temos grandes expectativas”, conta José Antônio do Nascimento, gerente de contratos da Eletra.
O modelo está sendo apresentado para diversos clientes potenciais e passa por testes no Rio de Janeiro. A montagem é feita com parceiros, como a Caio, que fornece a corroceria, a Mercedes-Benz, que produz chassis e motores a diesel e a Moura, responsável pelas baterias cumbo-ácido que fazem a tração.
Outra parceira da empresa é a Volvo que apresentou recentemente um ônibus híbrido e anunciou que irá nacionalizar a produção do modelo. “A Volvo diz que será a primeira a produzir um veículo do tipo no Brasil, o que não é verdade. Apesar disso, é interessante ter outra fabricante no mercado porque mostra que a tecnologia é viável e tem futuro”, acredita Nascimento.
O modelo da montadora sueca é híbrido em paralelo, utiliza tanto o motor a combustão quanto o elétrico para fazer a propulsão. Já a versão da Eletra é híbrida em série, com tração feita apenas pelo motor elétrico. A companhia defende que a configuração é a mais adequada no anda e para do trânsito em grandes cidades. As reduções chegam a 90% nas emissões de material particulado e 60% nas de monóxido de carbono.
A empresa também já desenvolveu uma versão híbrida etanol-elétrica, que circula apenas dentro das dependências da usina de Itaipu desde dezembro do ano passado. “Este veículo tem uma tecnologia mais avançada e utiliza baterias de sódio, importadas”, explica.
Desafios
Para ver mais unidades híbridas nas ruas, a Eletra ainda precisa superar alguns desafios. O principal deles é o preço entre 40% e 50% mais alto em relação a uma versão a diesel. “Em compensação a vida útil é maior, parecida com a de um trólebus, de cerca de 25 anos quanto utilizado na cidade”, defende Nascimento.
A vantagem, no entanto, não é atrativa se o tempo de concessão do transporte coletivo para as empresas for curto. “Assim companhias não têm motivo para investir em veículos mais duráveis”, aponta. No entanto, Nascimento afirma que os prazos estão cada vez mais longos.
Outro sinal positivo para a Eletra é o conhecimento sobre a tecnologia, que hoje está mais divulgada e tem ainda o auxilio de um movimento global pela eletrificação veicular. “É uma vitória”, diz.
A companhia também comemora a criação de uma linha de financiamento do BNDES com condições especiais para a aquisição do modelo. “Estamos buscando criar atrativos para a compra dos veículos”, explica Nascimento. O próximo passo, segundo ele, é conseguir que o governo reduza o IPI cobrado pelos ônibus híbridos.
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