terça-feira, 9 de abril de 2013

Exterior pode somar 36% dos negócios da Marcopolo em 2013


Em entrevista a EXAME.com, presidente do conselho afirma que fatia de negócios no exterior vai crescer neste ano


Paulo Bellini, da Marcopolo, durante palestra na quarta edição do Curso Exame PME
Paulo Bellini, da Marcopolo, durante palestra na quarta edição do Curso Exame PME

São Paulo – Desde o início do ano, as operações internacionais da Marcopolo ganharam ainda mais força. A companhia gaúcha comprou em janeiro 19,9% das operações da New Flyer, maior fabricante de ônibus urbano dos Estados Unidos e Canadá, por 116,4 milhões de dólares canadenses. Com a operação, a empresa está agora presente em 11 países e em seis continentes do mundo.

Segundo Paulo Bellini, um dos fundadores e presidente emérito da Marcopolo, o mercado externo tem um peso importante para os negócios da companhia. “Embora ele já tenha representado mais de 50% das nossas operações e agora esteja na média dos 30%, queremos continuar consolidando nossas operações lá fora”, afirmou o empresário – que participou da quarta edição do Curso Exame PME, de EXAME.
Para ele, no entanto, no longo prazo, as operações no exterior podem vir a ter o mesmo peso que no passado. Bellini conversou com EXAME.com, após participar como palestrante do evento. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida pelo empresário.
EXAME.com: Vocês acabaram de estrear em dois novos mercados, os Estados Unidos e Canadá. Existem mais países no radar da Marcopolo?
Paulo Bellini: 
A entrada nesses dois novos mercados é muito importante e vai fortalecer nossas operações lá fora. Mas, por enquanto, não estamos planejando entrar em nenhum novo mercado. Queremos agora consolidar o que já temos fora do Brasil.
EXAME.com: Nos Estados Unidos, vocês entraram por meio de parcerias. É assim também nos outros países onde estão presentes?
Bellini: 
Na maioria deles sim. Só não temos parceiros na África do Sul e China. Mas nos demais mercados, sempre procuramos fechar parcerias com quem entende de verdade do nosso mercado. O nosso parceiro na Austrália, por exemplo, detém 50% de market share por lá.  
EXAME.com: A crise impactou muitas companhias brasileiras com operação no exterior. Vocês conseguiram sair ilesos dela?
Bellini:
 Não.  O mercado externo já chegou a representar mais de 50% das nossas operações no início dos anos 2000. Hoje, ele representa cerca de 30%. Tivemos também que fechar nossa operação em Portugal por conta da crise. Mas alguns países, como o México, por exemplo, já dão sinais de recuperação rápida.

EXAME.com: A participação das operações internacionais tende a crescer neste ano?
Bellini: 
Nossas operações internacionais e as daqui também. Não vamos privilegiar nem uma, nem outra. Neste ano, o mercado externo pode chegar a 36% das nossas operações e queremos que, no futuro, haja um equilíbrio entre nossas operações lá de fora e daqui.

EXAME.com: Das mais de 11.000 unidades produzidas no exterior no ano passado, mais de 60% vieram da Índia. O que esse mercado representa para vocês?
Bellini:
 A Índia é, sem duvida, nosso maior mercado em produção, mas não em faturamento. Lá, produzimos ônibus menores e com baixo valor agregado. Mas é um mercado que vai continuar a crescer. Essa é nossa aposta.
EXAME.com: Como vocês administram as operações em lugares tão diferentes, até culturalmente?
Bellini:
 Nem sempre é simples. Quando começamos a operar em um determinado mercado, mandamos, a princípio, uma equipe nossa para tocar a operação e aos poucos vamos contratando pessoais locais. Muitas vezes é difícil para alguns mercados aceitar o nosso jeito simplista de trabalhar. Existe muito choque cultural.
EXAME.com: Vocês planejam investir 200 milhões de reais neste ano. O que vão priorizar?
Bellini: 
Isso ainda não está fechado. Posso dizer que vamos investir tanto aqui, quanto lá fora. Vale lembrar também que nesse montante não está incluso a aquisição da New Flyer, em janeiro. Então, os investimentos vão ultrapassar a cifra de 300 milhões de reais.
EXAME.com: Vocês também exportam muito, principalmente para a América Latina. As exportações vão crescer neste ano?
Bellini: 
Já chegamos a exportar cerca de 6.000 ônibus por ao. No ano passado, exportamos pouco mais de 2.000, e a expectativa é que, neste ano, esse número cresça entre 5% e 10%.
EXAME.com: E para o mercado interno, quais são as perspectivas?
Bellini:
 Nos últimos dois anos, o Brasil tem pesado mais nas nossas operações e estamos muito otimistas com as oportunidades por aqui. Os eventos esportivos que vão acontecer no país nos próximos anos devem aumentar a demanda de ônibus e isso vai ser positiva para o mercado em que estamos.


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