sexta-feira, 27 de abril de 2012

Ex-sócios da Busscar fazem objeções ao plano de recuperação judicial



Tios de Cláudio Nielson buscam uma proposta que pudesse ser menos agressiva com os credores

Tios de Cláudio Nielson buscam alternativas ao plano de recuperação judicial e admitem fazer objeções à Justiça.

— 95% de deságio não é um desconto, é um calote —, afirma  o advogado Dicler de Assunção, que representa Randolfo Raiter e Valdir Nielson, ex-sócios da Busscar.

Durante cerca de 40 minutos de conversa, ele demonstra a indignação deles diante dos rumos tomados pelo plano de recuperação judicial da empresa. Não esconde que a proposta de pagar somente R$ 15 milhões da dívida que alcança os R$ 304 milhões soa absurda e que, ao contrário do que a Busscar alega, os dois terão direito a voto na assembleia de credores, em data a ser marcada pela Justiça.

Segundo o advogado, a Lei de Recuperação Judicial proíbe a votação de parentes consanguíneos ou afins, até segundo grau, como uma medida preventiva a um possível apoio à empresa por meio do voto de familiares.

— O objetivo da lei é evitar que o parente se associe com o recuperando e prejudique os credores. Mas, no nosso caso, é exatamente o contrário. Nós entendemos que não há mais o parentesco. Havia, por afinidade, da senhora Rosita – atual detentora de 95% das ações – com Randolfo e Valdir até a morte de Harold, em 1998.

Assunção argumenta que o parentesco se estabeleceu por função do casamento e se extinguiu quando o empresário faleceu.

— E na prática, é de conhecimento geral que não existe nenhuma afinidade entre os tios e a família. Eles estão brigando há mais de dez anos.

Na semana passada, uma reunião entre Assunção e representantes da Busscar expôs o que seria uma alternativa ao plano de recuperação judicial apresentado no final de 2011. Segundo o advogado, a ideia era apresentar uma proposta que pudesse ser menos agressiva com os credores e que atendesse melhor às necessidades de todos os envolvidos.

— Apresentamos reservadamente uma diretriz para a confecção de um novo plano, em acordo com os principais credores. É a única maneira de salvar a Busscar. Eles têm que tratar os credores como parceiros, não como inimigos. Quem tem um crédito,demonstra que acreditou na empresa, na administração —, afirma.

A reunião não teve resultados positivos. Assunção diz que trabalhou bastante para sensibilizar o outro lado, mas não houve uma sinalização favorável a uma revisão do plano. Agora, cogita apresentar uma objeção ao plano na 5ª Vara Cível de Joinville, responsável pelo caso, afirmando que “este é um momento muito delicado”.

Discussões na sociedade começaram em 1998

A morte de Harold Nielson, em um acidente de avião em 30 de outubro de 1998, foi o começo das discussões entre os sócios do grupo Busscar. Ao morrer, a participação de Harold no grupo foi dividida entre a esposa, Rosita, e os filhos, Cláudio e Fábio. Valdir, irmão de Harold, e Randolfo Raiter, cunhado, eram sócios minoritários e tocavam, respectivamente, a HVR e a Tecnofibras.

Com o relacionamento ficando cada vez mais difícil na sociedade, o grupo chegou a um acordo de venda das ações no começo de 2002. Criou-se, então, a Nienpal Empreendimentos e Participações, controladora da Busscar e demais empresas da família.

O atraso no pagamento das parcelas fez com que o acordo fosse parar na Justiça. Agora, enquanto Assunção alega que o pagamento de R$ 246 milhões está acertado desde 2003 e que os R$ 304 milhões correspondem aos juros e correções monetárias garantidos em ação, o advogado que representa a Busscar, Euclides Ribeiro S. Júnior, diz que a Nienpal teria somente R$ 17 milhões a pagar. Ele contesta também o direito de voto dos tios de Cláudio na assembleia de credores, argumentando que parentes não terão direito a voto por terem interesses que possam prejudicar a recuperação da empresa.

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