Entidade diz que sistema é
solução para evitar caos na mobilidade
A realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos no Brasil tornou
ainda mais urgente a necessidade de resolver os problemas de mobilidade das
grandes cidades. A aposta para atender a necessidade a tempo dos grandes
eventos não é em uma tecnologia nova. Ironicamente, o herói do transporte
público nacional pode ser o bom e velho ônibus com o sistema BRT (Bus Rapid
Transit), inventado no País e implantado em Curitiba (PR) na década de 1970.
O presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU),
Otávio de Cunha Filho, aponta que os prazos curtos para atender a demanda dos
grandes eventos que acontecerão no Brasil tornam as soluções mais limitadas.
“Uma linha de metrô pode demorar de 10 a 15 anos para ser implantada, o BRT
pode ser feito em três anos”, estima. Para ele, a solução é a mais indicada
para evitar que os eventos no Brasil sejam lembrados por conta do caos na
mobilidade urbana.
A associação destaca que o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) liberou
R$ 30 bilhões para que o País amplie e atualize a infraestrutura de
transportes. O recurso é “o maior dos últimos 35 anos”, afirma o dirigente.
Parte do aporte será feito em cidades-sede da Copa do Mundo que já tem projetos
com o sistema, como Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Recife (PE) e
Fortaleza (CE).
As características básicas do ônibus rápido são o corredor exclusivo para o
veículo, pagamento antes de entrar no veículo e plataforma de embarque. O
modelo é capaz de transportar 40 mil passageiros por hora/sentido contra 90 mil
passageiros no mesmo período no metrô mas tem custo bem inferior e enfrenta
menos dificuldades para entrar em atividade. “O principal problema é a
desapropriação dos imóveis onde o sistema será instalado”, indica Cunha Filho.
Para o presidente da NTU, os sistemas não concorrem. São complementares. “Somos
a favor da intermodalidade e de uma análise cuidadosa dos investimentos e das
oportunidades”, explica. A entidade lembra que, apesar de ter sido criado no
Brasil, o sistema não avançou no País e hoje é aproveitado no exterior. Bogotá,
na Colômbia, foi uma das cidades que garantiu qualidade do transporte coletivo
usando o ônibus rápido.
“Queremos colocar na superfície a mesma excelência e regularidade do serviço de
metrô”, garante o dirigente da associação. Segundo ele, o sistema pode ter
velocidade média de 28 km/h em horário de pico contra 6 km/h dos ônibus
convencionais. A intenção é que BRT garanta conforto, rapidez e segurança para
convencer a populaçao a deixar os automóveis em casa.
Produção
As principais obras para o BRT devem ser vistas a partir da metade do próximo
ano. Segundo Cunha Filho, os fabricantes de ônibus já estão preparados para
atender a demanda pelos modelos articulados com grande capacidade de
passageiros. “As grandes empresas do segmento estão instaladas no Brasil e têm
capacidade produtiva para isso”, garante. Para ele, é essencial planejar, para
que as companhias que produzem chassis e carrocerias consigam acelerar as
fábricas e reagir à demanda.
Combustíveis
A diversidade de fontes energéticas é, para o presidente da NTU, outro grande
ponto a favor do transporte sobre rodas no Brasil. “Temos biodiesel, gás
natural, etanol, híbrido e diesel de cana, que é maravilhoso porque polui bem
menos, é renovável e não exige alterações no motor”, destaca. Para ele, no
entanto, só uma nova nova legislação seria capaz de trazer uma mudança efetiva.
O processo tem impacto forte na cadeia produtiva e envolve, além de adaptações
nos veículos, estruturas para produzir e distribuir o novo combustível e
alterações no mercado de revenda dos ônibus. “Só com uma definição política
clara conseguiríamos migrar para outra tecnologia”, acredita.
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